O que realmente dá vida à empresa digital?

*Por Ricardo Fernandes

 

O que acontece quando grandes volumes de dados e a capacidade de processamento entram em conflito com a automação de

touch- tablet in hands Business man
touch- tablet in hands Business man

TI? Isso é chamado de disrupção digital, e muda a maneira como as pessoas vivem independente do lugar em que estejam. Esta revolução, ou economia digital, transforma a maneira convencional de se fazer negócios. As novas empresas já nascem digitais, usando mídias sociais, dispositivos móveis, computação em nuvem, big data e Internet das Coisas para oferecer serviços digitais aos seus clientes, que já não se satisfazem com a experiência oferecida por empresas líderes de indústria do passado. Em suma, se você não começou sua empresa em uma garagem nos últimos cinco anos, bom, pode estar prestes a ser ultrapassado por um ágil novato.

 

À primeira vista, pode parecer que os “Davis” digitais estão derrubando os “Golias” corporativos. Muitas empresas tradicionais perderam suas posições de liderança – de acordo com um relatório da Capgemini Consultoria. “Desde 2000, 52% das empresas da Fortune 500 faliram, foram adquiridas ou deixaram de existir. ” Obviamente, todos nós ouvimos os argumentos para explicar o surgimento da nova economia, dominada pelos revolucionários digitais. Atualmente, as maiores empresas de mídia, Google e Youtube, não possuem nenhum veículo de comunicação, a de serviços de automóveis, o Uber, também não detém nenhum carro, e a maior empresa de aluguel de propriedades, que é o Airbnb, não administra nenhum hotel. Ainda assim, muitas empresas tradicionais reconhecidas mundialmente estão mostrando que podem se adaptar à esta nova realidade.

 

Exemplos de empresas desse tipo, que prosperam, podem ser encontrados em todos os setores. As gigantes de seguros já fornecem aos seus agentes tablets com acesso à aplicativos para preenchimento dos detalhes no local do acidente e envio de informações e solicitações em tempo real. Instituições tradicionais do mercado financeiro estão transformando a experiência dos clientes dos bancos de varejo com aplicativos em dispositivos móveis para acesso de qualquer lugar, eliminando agências e impulsionando o uso de grande volume de dados para personalizar seus serviços e reduzir as fraudes. Na indústria de aviação, fabricantes estão integrando sensores conectados à internet aos mecanismos das aeronaves, fornecendo dados em tempo real sobre desempenho, de maneira que possam programar a manutenção preventiva e melhorar o design do produto.

 

O que está realmente acontecendo? Primeiro, as vantagens competitivas que possibilitaram o domínio do mercado pelas empresas tradicionais em cada setor, provaram ser algo muito mais difícil de se desfazer do que era esperado. Marcas fortes e relacionamento com o cliente, processos comerciais e políticas de redução de riscos comprovados, cadeias de fornecimento global e experiência de produção são difíceis de serem replicados. Experiência e modelos de operação comprovados têm seu valor, o que permitiu que as empresas tradicionais tivessem chance de avaliar o novo panorama empresarial e de se adaptarem às ofertas das novas tecnologias, abrangendo cenários empresariais maiores do que os de seus rivais, nem tão experientes. Em segundo lugar, essas avaliações fizeram com que muitas empresas tradicionais percebessem que a economia digital apresenta muitas oportunidades para que elas expandam seus principais negócios e aumentem consideravelmente o valor para seus clientes. Os novos serviços digitais funcionam como porta de entrada para novos mercados, agilizam operações nas linhas de negócios atuais e fortalecem as vantagens competitivas construídas pelas empresas ao longo do tempo.

 

À medida que as empresas tradicionais encontram maneiras de utilizar as tecnologias digitais para desenvolver novas vantagens competitivas, alguns atores improváveis entram em cena. Os fabricantes de pneus, por exemplo, estudam a possibilidade de adicionar sensores aos seus produtos, permitindo que eles coletem dados sobre o desempenho e estes poderão ser analisados para fornecer informações sobre o comportamento do veículo. Essas informações podem ser comercializadas para um novo grupo de clientes, como as operadoras de seguros. Já as empresas de mineração, estão aplicando a Internet das Coisas para automatizar e monitorar o desempenho dos veículos que recolhem os minerais, reduzindo, assim, os custos de manutenção e operação. Fabricantes de equipamentos agrícolas estão produzindo tratores que determinam a melhor maneira de arar os campos e realizar colheitas de modo autônomo. Os parques temáticos já fornecem pulseiras conectadas à internet para o viajante automatizar o check-in no hotel, solicitar refeições e ir rapidamente aos seus passeios favoritos – transformando a sua experiência no destino. Por fim, os fabricantes de automóveis estão lançando serviços on-line para atender à demanda dos clientes, que podem, inclusive, utilizar um carro da empresa sempre que for necessário.

 

É claro que os desafios permanecem. Para se adaptar a economia digital integralmente, as empresas precisam descobrir como acelerar os processos e procedimentos internos de maneira que possam introduzir continuamente novos e inovadores serviços digitais. Além de manter a confiança dos seus clientes, garantindo a segurança dos serviços prestados. Por fim, e talvez seja o mais importante, as companhias não podem perder a ideia central desses serviços digitais, que é proporcionar novas experiências ao cliente, redefinindo, assim, a empresa no mercado.

 

A grande revolução digital está aqui. Muitas empresas tradicionais provam que são mais resilientes do que se esperava nessa nova economia digital. Elas estabelecem uma vantagem competitiva difícil de ser replicada pelas novas e não há dúvidas de que usufruem dos benefícios proporcionados pela transformação digital. Agora ficou mais fácil e econômico deter a propriedade dos sistemas da empresa com as soluções de computação em nuvem de baixo custo. A mobilidade e a iniciativa BYOD (traga seu próprio dispositivo) permitiram maior flexibilidade sobre como e onde os funcionários trabalham. A tecnologia dos negócios é mais inteligente e está melhor conectada com a invenção da Internet das Coisas. Ao integrar de maneira rápida e inteligente as tecnologias digitais aos negócios, sem abandonar os ativos existentes, as empresas tradicionais aceleram sua vantagem competitiva e se expandem para novos mercados, mostrando que os fundamentos da nova era digital estão aqui.

*Por Ricardo Fernandes, country manager da BMC Brasil

 

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