Tecnologia é apontada como atalho para a melhoria da qualidade da saúde no Brasil

Durante o I Seminário de Integração de TI em Saúde, evento organizado pela ABCIS – Associação Brasileira CIO Saúde durante a Hospitalar 2013, o debate se concentrou em três dos temas mais importantes de acordo com a comunidade da saúde: Prontuário Eletrônico Único, a Telemedicina e os recursos de saúde móvel; e a integração da área de enfermagem com a tecnologia da informação nos hospitais.

A ABCIS convidou representantes de diferentes áreas da Saúde, como Governo do Estado de São Paulo, do Coren – Conselho Regional de Enfermagem, assim como hospitais privados, operadoras de saúde suplementar e especialistas do mercado, visando aprofundar o debate sobre questões enfrentadas diariamente pelos profissionais da saúde. O caminho apontado de forma unânime foi a tecnologia como ferramenta estratégica para a gestão da saúde, principalmente nas questões relacionadas à qualidade dos serviços prestados aos pacientes.

“O Seminário superou nossas expectativas, com destaque para o debate sobre Prontuário Eletrônico Único, que contou com uma participação multidisciplinar, não só de profissionais de TI, como de enfermeiros, médicos, consultores e profissionais ligados à saúde, o que proporcionou uma calorosa discussão”, afirmou o presidente da ABCIS, David Oliveira. “O painel sobre Saúde Móvel também foi bem elucidativo, ajudando a esclarecer as dúvidas que ainda pairam sobre a telemedicina com bastante participação do público. O fato de ter promovido o evento dentro da Hospitalar também foi muito importante, pois favoreceu a participação de profissionais de todas as regiões do Brasil, o que pretendemos repetir nos próximos anos.”

No painel “As dificuldades e os desafios para a criação de um Prontuário Eletrônico Único”, Klaiton Simão, diretor de TI do Hospital São Camilo afirmou que não estão acontecendo avanços na direção do prontuário único, sobretudo por conta da grande dificuldade de estabelecer uma identificação eficiente do paciente cidadão. Já André Almeida, Diretor Técnico do Departamento de Saúde do Governo do Estado de São Paulo e Diretor de Inovação da ABCIS acredita que o Cartão Nacional de Saúde, medida adotada pelo Ministério da Saúde, “é um primeiro passo na direção de unificar esta identificação”. Adriano Gliorsi, CIO do Santa Helena Sul América e Diretor de Planejamento Estratégico da ABCIS, concordou com Almeida e disse que “as diretrizes da ANS para o Sistema Suplementar também promovem o avanço na direção do Prontuário Eletrônico Único, embora o caminho ainda deva ser longo e dependa de vontade política como houve na época dos bancos para adoção do Sistema Brasileiro de Pagamentos”. Outros aspectos relacionados à complexidade da implementação deste recurso que unifica em um único repositório o histórico de todas as informações geradas em diferentes atendimentos ao paciente, foram levantadas no debate. Klaiton Simão apontou a interoperabilidade dos sistemas como um fator restritivo e afirmou que “os CIOS devem exigir que os fornecedores de software adotem os padrões mundiais”. Para Simão há ainda o ambiente de negócios conspirando contra a adoção de um modelo eficiente: “por que não mudar a remuneração da cadeia da saúde hoje calcada nos procedimentos para uma remuneração por desempenho?”.

A dimensão continental do Brasil e as inúmeras dificuldades de oferecer atendimento de qualidade foram aspectos abordados durante o painel “Saúde Móvel – Telemedicina – O que está por trás da revolução tecnológica na área da Saúde”. David Basbaum, CIO da empresa Sinais Vitais e Conselheiro da ABCIS, apontou a Telemedicina como uma realidade e a saída para mudar o patamar de qualidade da saúde brasileira, solucionando problemas como filas de espera, falta de profissionais (médicos e técnicos), entre outros. “Com a Telemedicina poderemos romper barreiras regionais e culturais e levar para localidades distantes recursos avançados”. De acordo com Basbaum, os principais benefícios são a mudança da relação médico -pacientes no tratamento de doenças crônicas, a redução das internações e do tempo de internação, a disponibilidade de indicadores de saúde contra indicadores de gestão, entre outros. Durante o painel, a doutora Karla Melo apresentou o case da solução GlicOnLine, um sistema de controle e monitoração glicêmica para portadores de diabetes, médicos e nutricionistas. “A enfermidade hoje atingiu um nível quase epidêmico com 12 milhões de brasileiros diabéticos, um volume de pacientes incompatível com o número de endocrinologistas atuando no país”, afirmou a médica. De acordo com ela, a solução GlicOnLine ajuda ao paciente no controle da doença ao integrar internet e celulares para automação de cálculos de carboidratos e doses de insulina, além de possibilitar o registro dos dados.

Durante o painel “A integração entre a área de enfermagem e a TI nos Hospitais” o debate levantou questões pertinentes ao dia a dia, como a disseminação do uso de ferramentas móveis pelos enfermeiros para otimizar e melhorar o atendimento hospitalar, além de aprofundar outros aspectos envolvidos nesta discussão. Sueli de Fátima Luz, enfermeira com especialização em informática em enfermagem destacou “a fundamental importância dos recursos tecnológicos como suporte e integração do conhecimento para o efetivo cuidado ao paciente”. Sueli enfatizou que a área de TI dos hospitais precisam entender melhor os processos de enfermagem para de fato atender às necessidades. “Hoje não há integração entre a área de assistência e o sistema de gestão dos hospitais, sempre mais voltados aos controles financeiros”. De acordo com a enfermeira, “a TI pode fazer a diferença se for unida à enfermagem, na direção do hospital do futuro”. Donato José Medeiros, representante do COREN –SP, reiterou os pontos abordados por Sueli, reafirmando a importância da integração da TI com a assistência para melhoria da qualidade da saúde.

De acordo com o presidente da ABCIS, “no momento, o foco da associação é estreitar o relacionamento com demais entidades como o COREN e a ABECLIN, que reúnem respectivamente, enfermeiros e profissionais de engenharia clínica”. Além disso, outro objetivo importante segundo David Oliveira será a realização em outubro do II Fórum Anual da ABCIS, que debaterá, entre outros assuntos, a TI no setor de Enfermagem.

A Associação Brasileira CIO Saúde – ABCIS reúne os profissionais do setor de tecnologia da informação na saúde, responsáveis pela inovação e suporte tecnológico aos hospitais. A entidade tem por finalidade promover o intercâmbio de conhecimento, melhores práticas, tecnologias, educação e o desenvolvimento profissional visando a evolução das aplicações de TI

 

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