Os progressos do BIM no Brasil e no mundo

por Claudia Campos

As desculpas encontradas para a adoção da tecnologia BIM (Building Information Modeling)  no Brasil perpassam da falta de investimentos necessários por parte do mercado e pela espera de parceiros e concorrentes se adiantarem para tomarem uma inciativa. Mas, é chegada a hora de olhar o outro lado: os benefícios que a adoção do BIM pode trazer para o negócio.BIM

Muitas pesquisas já foram feitas mostrando o quanto o setor da construção está se beneficiando do processo. Os primeiros relatórios do mercado americano do Smart Market Report da McGraw Hill, feito em 2007, apontaram uma redução de até 40% das alterações em projetos e 80% de redução de tempo para estimativas de custo com até 97% de precisão. Além disso, o documento aponta uma economia acima de 10% pelo valor de contrato pela descoberta de interferências e mais de 7% do tempo de redução de projeto.  Já o relatório da mesma instituição realizado em 2014 fez uma pesquisa nos cinco continentes sobre o uso do BIM e três quartos dos construtores pesquisados reportam um ROI positivo com o uso da tecnologia.

Em 2013, a PINI realizou uma pesquisa sobre a utilização do BIM no Brasil apontando que entre os 588 entrevistados mais de 90% pretendiam utilizar a tecnologia nos próximos cinco anos. Desses entrevistados, cerca de 54% eram engenheiros e 45% arquitetos. Na época da pesquisa, 40% dos entrevistados já utilizavam a tecnologia e 60% ainda não a utilizavam. Mais de 80% usava a tecnologia para projetos, seguido de 60% que usava para extração de quantitativos e cerca de 50% a usavam para compatibilização de projetos.

Analisando outros países que já adotaram o BIM e estão em estágios avançados ou estão em fase de adoção com medidas governamentais impulsionando a introdução da tecnologia, vemos situações bem diferentes. No Reino Unido, o governo criou uma lei em 2011 na qual todos os projetos para o governo a partir de 2016 só serão aceitos em BIM no nivel 2. Isso impulsionou o mercado de tal forma que houve um aumento nas atividades em BIM em 37% no país.

Na Austrália, em contrapartida, existe um grande numero de profissionais considerados “early adopters”, ou seja, que decidiram seguir o caminho do BIM e implantá-lo em seus escritórios sem serem solicitados para fazê-lo.  Essa motivação os levou a uma grande habilidade na modelagem de projetos em BIM. O caminho da Austrália em que os profissionais adotaram o BIM por impulso próprio foi diferente do Reino Unido, que teve o governo como propulsor da tecnologia e dos Estados Unidos, que foi impulsionado pelos fabricantes de software.

O desafio de todos os profissionais do setor - sejam engenheiros, arquitetos projetistas ou construtores - é trabalhar de forma colaborativa e transformar seus processos de projeto para se adequar ao BIM. Portanto, o desafio está lançado e, como vemos, ele não tem como ser feito às pressas ou “quando lhe pedirem um projeto em BIM”, pois uma mudança de processo e de ferramenta não se faz de uma semana para outra ou só com um curso novo, haja visto o exemplo do Reino Unido,  que estipulou cinco anos para o mercado se adaptar para ser seu fornecedor.

Na era CAD, a transição foi mais impactante ainda, pois a tecnologia estava muito distante dos profissionais, resultando em uma grande transformação na substituição de ferramentas de desenho já consolidadas entre os profissionais para uma única máquina. Hoje, porém, a tecnologia esta na palma das mãos e em todos os lugares. Somos atropelados por ela a todo o momento, por sua constante renovação. Então não podemos esperar, pois quem não se adaptar não vai sobreviver neste mercado tão competitivo.

 

*Claudia Campos é arquiteta especialista na tecnologia BIM e sócia diretora do ConstruBIM, empresa especializada na consultoria de projetos em BIM do Grupo Construtivo

 

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