* Por Marco Antonio Zanini
Não há mais dúvidas de que a tecnologia é um importante pilar no desenvolvimento de uma empresa, seja ela pequena, média ou grande. Segurança, agilidade e mobilidade são apenas alguns dos benefícios trazidos pelas soluções tecnológicas, que se tornaram, nos dias de hoje, um investimento estratégico para o sucesso dos negócios. Estudo da consultoria Gartner, por exemplo, aponta que os gastos das companhias brasileiras com tecnologia alcançarão US$ 129,7 bilhões em 2014, um aumento de 3,6% em relação a 2013. Desse montante, US$ 22,4 bilhões referem-se às despesas com dispositivos (incluindo PCs, tablets e impressoras) e US$ 21,2 bilhões aos serviços de Tecnologia da Informação, como Outsourcing.
É um caminho sem volta para os negócios. Prova dessa tendência são os projetos do Governo Federal, como o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). Iniciada em 2007, a medida se propõe a informatizar a troca de informações entre o governo e seus contribuintes, estabelecendo um relacionamento mais transparente e seguro sobre as contribuições realizadas corretamente.
Neste ano, a modernização alcança a área trabalhista e trará vantagens a todos os envolvidos: empresa, governo e, principalmente, os trabalhadores. Com o eSocial, todos os dados trabalhistas, previdenciários e fiscais relativos a empregados e empregadores serão registrados, obrigatoriamente, em um único sistema. O processo de cadastro das informações seguirá o calendário estipulado pelo governo e deve ser conduzido a partir de 2015 para grandes e médias empresas. Já as companhias que apuram lucro presumido, Simples Nacional, entidades imunes ou isentas, Microempreendedor Individual (MEI), produtores rurais e outros equiparados a empresas, como os autônomos, aguardam a definição de uma data para iniciar o processo.
Após a implantação do programa, a troca de informações entre empresas e governo se tornará mais simples e desburocratizada, permitindo ao governo comparar o que foi cadastrado e apontar possíveis erros de forma mais rápida. Em 2012, uma fiscalização da Receita Federal em 1% das companhias nacionais apontou que deixaram de recolher R$ 4 bilhões por divergências de dados. É um cenário que não pode mais existir.
Outros benefícios do novo sistema são a redução do número de fraudes e o combate à sonegação tributária e previdenciária, principalmente àquelas relacionadas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O funcionário poderá acompanhar todo o seu histórico profissional, além de se certificar de que a empresa está recolhendo as contribuições de forma correta. Trata-se, portanto, de um grande avanço na proteção dos direitos do trabalhador e na transparência das empresas.
A chegada do eSocial também aponta para a necessidade de uma mudança na cultura organizacional das empresas e no investimento em tecnologia da informação. Tradicionalmente mais distante das soluções tecnológicas, a área de Recursos Humanos (RH) precisará, obrigatoriamente, estar interligada aos demais departamentos da companhia, principalmente ao Financeiro. Para os micros e pequenos empresários, o desafio parece ser ainda maior, visto as dificuldades de infraestrutura e contratação de profissionais especializados na gestão de TI. Nesse cenário, o conceito de computação em nuvem, assim como o BPO (Business Process Outsourcing), aparecem, mais uma vez, como grandes aliados das empresas brasileiras. Com essas ferramentas, as companhias podem ampliar a competitividade e produtividade, adaptando-se, a custos acessíveis, ao novo cenário proposto pelo Governo Federal.
*Marco Antonio Zanini é diretor da NFe do Brasil, empresa especializada em inteligência fiscal eletrônica