A Economia das APIs e seu papel propulsor na transformação digital

por Kleber Bacili

Google aquece cada vez mais a Economia das APIs e confirma projeções de sucesso ao adquirir companhia norte-americana especializada no fornecimento de API Management

No começo do mês de setembro, foi anunciada a venda do fornecedor de API management Apigee para o Google, por 625 milhões de dólares. Você já deve ter visto o Google comprar outras empresas por cifras bem maiores, o que pode te levar a pensar: “Apigee? Ok, e o que tem de relevante nisso?”

A questão é que muito das plataformas, aplicativos e sistemas computacionais em geral, que todo usuário da Internet usa, tem como base de sustentação uma série de integrações, em particular, via API.sensidia

Já há alguns anos, a consultoria tecnológica Gartner tem oferecido indícios, em seu relatório Nexus das Forças, de que o futuro tem quatro pilares:

  • Cloud;
  • Mobile;
  • Social;
  • Informação.

Pois bem, em particular, é interessante notar como as APIs funcionam como uma Cola Digital. Tendo esses quatro pilares, o que os une? Como integrá-los? Como oferecê-los como produtos vantajosos? Um dos melhores caminhos passa pelas APIs.

As APIs são responsáveis por um ponto crítico para as companhias que querem transformar-se digitalmente – integração segura com aplicativos e dispositivos internos e externos. Para se ter uma ideia da importância da economia das APIs, uma pesquisa da Forrester mostrou que companhias norte-americanas irão gastar cerca de 3 bilhões de dólares em softwares de gerenciamento de API até 2020. Embora não haja estatísticas sobre gastos com APIs no Brasil, grandes companhias nacionais – varejistas e financeiras, por exemplo, estão cada vez mais atentas para a importância de tornarem-se plataformas, agregar serviços, produtos e, por consequência, manter e conquistar mais clientes. E não dá para fazer isso sem APIs.

A relevância das APIs está exatamente em permitir que serviços diversos sejam integrados, potencializando as capacidades técnicas e funcionais. Afinal, se eu quiser criar meu próprio e-commerce, não vou começar desenvolvendo um site do zero. Basicamente, tenho duas opções: ou eu contrato alguma das plataformas de serviços para e-commerce, ou eu crio a minha com as APIs de pagamentos, carrinho, sugestões e assim por diante.

Contudo, o pulo do gato para entender a Economia de APIs está no fato de que as plataformas que oferecem as soluções para e-commerce também usam em larga escala APIs. E e-commerce é apenas um exemplo. A questão vai tão a fundo quanto ver que o Google oferece APIs para a grande maioria de seus produtos.

Sim, eles compraram a Apigee há um mês, mas já possuem um grande ecossistema de APIs funcionando a todo vapor, há alguns anos. Exemplos: Gmail, Maps, Drive (e diversos produtos dentro dele, como o Docs e o Sheets), Plus. Se o Orkut ainda existisse, teria API.

O Android também usa APIs em larga escala. Inclusive, o Google está sendo processado (em alguns bilhões de dólares) pela Oracle por uso indevido da API do Java no sistema operacional. O resultado dessa ação judicial pode impactar todo o futuro do software.

Essa é a importância das APIs.

E outras empresas de todos os setores estão expondo APIs ou usando-as internamente para melhorar seus produtos. Alguns meses antes do Google, a Red Hat comprou uma outra fornecedora de API Management, a 3scale. Há empresas cuja solução só é entregue via API.

Há empresas que vendiam livros na Internet, mas se tornaram imensos fornecedores de tecnologias, e é claro, APIs (Amazon e seu serviço de cloud, o AWS, conhece?).

Do Facebook, a novos aplicativos no seu celular, a grandes varejistas até a instituições financeiras. Estão todos procurando uma forma de tornarem-se mais integrados. Entre os bancos, por exemplo, há cada vez mais iniciativas para tornar suas plataformas integradas e abertas. Até mesmo no Brasil. É uma conta simples, ou os bancos tornam-se mais conectados, integrados e intuitivos ou podem perder clientes para as fintechs – às novas startups financeiras. Na imagem abaixo, é possível ver quantos e quais serviços de um banco podem ser “tomados” por um a fintech. Aliás, a economia das APIs aplicada aos bancos ganha até mesmo um nome específico, open bankings.

 

Além dos setores mais tradicionais como o financeiro, a economia das APIs permitiu o desenvolvimento de negócios que já nascem como uma plataforma. Se você já usou o Uber ou o Airbnb, por exemplo, pode contar com um serviço baseado na integração entre parceiros e que por se beneficiar da economia colaborativa pode oferecer qualidade e preço competitivo a seus concorrentes tradicionais como os táxis ou as redes de hotéis.

 

 

Ao abordarmos esse novo serviço, também vale a pena citar que a economia das APIs permite às marcas se inserirem na jornada do usuário de uma forma antes nem imaginada. Você pode, por exemplo, pegar um Uber e receber uma mensagem no seu Spotify, perguntando se não quer ouvir sua playlist favorita no carro. Isso sem ter que pedir ao motorista ou mesmo apertar um comando no Spotify para isso. Na jornada de compra do consumidor isso é ainda mais vantajoso para os clientes.

Quando acessar o TripAdvisor – outro exemplo de empresa que cresce e se desenvolve com a economia das APIs, você pode ter acesso a opções de compra de seguro viagem, reserva do seu hotel, aluguel de carros no mesmo portal, sem ter que abrir uma nova guia do navegador para procurar esse serviço. Está tudo a um clique de distância e são as APIs que permitem que as empresas que oferecem esses produtos possam te encontrar onde você está e já te dar a possibilidade de fechar vários detalhes da sua viagem sem sair de um mesmo portal.

É a economia de APIs que está na base também do surgimento dos marketplaces. Se você entrar no site do Extra hoje e procurar por um produto específico, um tênis, por exemplo, verá que o mesmo não está sendo oferecido somente pelo Extra, mas que há outras lojas listadas na mesma página vendendo o produto. É uma relação ganha-ganha entre a loja varejista e o e-commerce. E o principal beneficiário disso é o consumidor, que poderá ter acesso a uma gama muito maior de preços e opções de loja sem sair de uma mesma página. A integração entre o marketplace e os lojistas é feito via API e de uma forma muito mais rápida e descomplicada do que se fosse necessária realizar uma conexão customizada com cada lojista. Desta forma, todas as informações referentes aos produtos – estoque, valores, cores, modelos, especificações, trafegam rapidamente entre o sistema da loja virtual e a plataforma do marketplace.

 

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