A Intralinks Holdings, fornecedora de soluções para colaboração corporativa segura, apresenta uma pesquisa global que mostra que a porcentagem de fusões e aquisições que vazaram caiu para o nível mais baixo em seis anos, devido à aplicação mais rigorosa da regulação, governança interna mais forte, e ao aumento dos riscos para a transação quando uma negociação vaza. O relatório M&A Leaks da Intralinks, realizado pelo Centro de Pesquisa da Cass Business School, em Londres, examinou mais de 4.400 transações entre 2009 e 2014, além de relatórios sobre vazamentos de negócios, globalmente.
"No geral, estamos vendo uma queda no volume de negócios que vazam, comentou Philip Whitchelo, vice-presidente de estratégia e marketing de produtos da Intralinks. "A pesquisa deixa claro que a aplicação da regulação, a governança interna e os riscos para as operações estão dissuadindo os negociadores de vazarem as transações. Como resultado, vendedores e seus conselheiros estão levando a questão da confidencialidade do pré-anúncio do acordo muito mais a sério.”
“Na América Latina e no Brasil, o maior volume de transações de M&A ainda envolvem empresas fechadas (não listadas) o que torna mais difícil a apuração de um índice de vazamento, porém é fato que independente disso os compradores estão exigindo um nível de governança cada vez mais rigoroso, tanto no período que antecede quanto durante a operação, e a principal base é o controle de quem tem acesso a qual tipo de informação”, analisou Cláudio Yamashita, Diretor Geral da Intralinks no Brasil.
Nos últimos dois anos, houve um aumento significativo das ações de fiscalização e multas por abusos de mercado. Para os órgãos reguladores nas principais economias, como os EUA e Europa, o valor médio de uma multa aumentou 18 vezes nos últimos cinco anos.
Como a aplicação da regulação está ganhando ritmo, a Securities and Exchange Commission (Comissão de Títulos e Valores dos Estados Unidos) anunciou os resultados da imposição de um maior controle para o ano fiscal de 2015 em 22 de outubro. A Presidente Mary Jo White afirmou que "aplicação rigorosa e abrangente protege os investidores e os reassegura que nossos mercados financeiros operam com integridade e transparência, e a Comissão continua essa abordagem de execução, trazendo cases inovadores com executivos e empresas responsabilizados por seus crimes, enviando avisos claros para possíveis violadores".
Com os reguladores reprimindo os abusos de mercado, o relatório M&A Leaks da Intralinks examinou negociação pré-anúncio relevante em ações de uma empresa-alvo nos dias que antecederam o anúncio da oferta, o que é um importante indicativo de vazamento de informações. As principais conclusões da pesquisa são:
- O número de vazamentos de negócios tem diminuído
Os vazamentos de negócios caíram globalmente em seis anos. 6% de todos os negócios em 2014 envolveram vazamento antes do anúncio público, em comparação com 8,8% em 2013. A média de vazamento ao longo do período de seis anos foi de 7,4%.
- EMEA lidera em vazamentos no período, apesar de apresentar quedas recorde
No período de seis anos, a região Europa, Oriente Médio e África (EMEA) apresentou a maior porcentagem média de negociações que vazaram, 9,2%. Já a América do Norte apresentou o menor percentual médio de vazamento, 6,3%. Em 2014, no entanto, o percentual de vazamento da região EMEA caiu para 3,8%, o menor do período entre as quatro regiões mundiais.
Os dados para LATAM são muito voláteis por conta da amostra pequena e baixo número de vazamentos na região. Nos anos de 2009, 2011 e 2012, não houve vazamento. Mas nos anos de 2010, 2013 e 2014, as porcentagens de vazamento foram de 18,2%, 9,1% e 22,2%, respectivamente.
- Países com mais vazamentos de negócios
Hong Kong (18,6%)
Índia (15,2%)
Reino Unido (14,1%)
Austrália teve o menor percentual de vazamentos de negócio ao longo do período (3,5%).
- Negócios vazados que se concretizam têm takeover premium* maior
Ao longo dos seis anos analisados, o takeover premium médio para alvos em negócios concretizados que tiveram vazamento foi de 51,2% comparado a 29,2% para negócios sem vazamento. Isto pode ser devido a negócios que vazam apresentarem maior tendência a atrair ofertas de concorrentes. Durante todo o período, 7,3% dos negócios que vazaram atraíram ofertas de concorrentes, comparado a 6,1% dos negócios que não vazaram.
(* diferença entre o valor estimado de uma companhia e o preço real pago para obtê-la.)
- Negócios que vazam demoram mais tempo para serem concluídos, com exceção da América do Norte.
Tempo médio para conclusão (dias)
APAC | EMEA | LATAM | NA | |
Com vazamento | 69 | 93 | 195 | 73 |
Sem vazamento | 61 | 63 | 105 | 88 |
"Vários escândalos de abuso de mercado causaram danos à reputação e resultaram em significativas multas corporativas e até condenações de indivíduos ao longo dos últimos anos", disse o professor Scott Moeller, diretor do M&A Research Centre da Cass Business School. "Com um ambiente onde cada vez mais a regulação é cumprida, os riscos associados a vazar um negócio superam os benefícios percebidos.”
Metodologia
Nos dias que antecedem um anúncio, um volume de negociação acima da média nas ações da empresa-alvo pode ser um indicativo de vazamento de informações sobre o negócio. Apesar de não fornecer a confirmação absoluta de um vazamento em um acordo individual, negociações significativas de pré-anúncio (SPAT) através de uma grande amostra podem ser usadas para examinar padrões e tendências de vazamento através de períodos de tempo e países.
Dados de transações de M&A envolvendo negócios anunciados durante o período de 01 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2014, preço das ações e informações de índices de preços tiveram como fonte a Thomson Reuters. Foram analisadas apenas as operações de empresas listadas em Bolsa que implicaram na mudança do controle do alvo. A amostra final, que compreende 4.475 negociações, também excluiu as propostas para alvos sem registros de equity trading suficientes (onde o retorno para o equity alvo foi zero por mais da metade do período total em estudo). Todas as referências à região ou localização do país do alvo referem-se à localização de listagem primária do alvo.