Pesquisas apontam amplo preconceito, principalmente no mercado de trabalho no Brasil.
A ROIT, startup curitibana que desenvolve tecnologias para a contabilidade, lança uma campanha nas redes sociais em prol da diversidade.
A empresa elaborou peças publicitárias que exaltam a diversidade em seus diferentes aspectos: racial, de gênero, religioso, orientação sexual, classe social, faixa etária, e até com relação às deficiências.
“Na ROIT o que importa é a competência profissional de cada um, uma boa relação interpessoal, trabalho em equipe, empatia e vontade de fazer acontecer. Suas características físicas, gênero ou sua orientação sexual, por exemplo, não nos dizem respeito, e a ninguém. Mas, é preciso auxiliar na conscientização, por que nem todos aceitam o outro como ele é, e agem com preconceito", diz Lucas Ribeiro, sócio-diretor da ROIT.
Lucas explica que a ideia da campanha teve início com a questão racial e com a indignação que surgiu com algumas histórias de funcionários que vivenciaram o preconceito.
“Enquanto estudava, atuava como técnico de suporte e uma vez estava fazendo testes numa impressora fiscal. A impressora estava numa mesa conectada por um cabo num computador em outra mesa. Pelo fato de não colocar a impressora ao lado do computador, o filho do dono de um pequeno mercado disse que eu estava fazendo serviço de preto. Esse foi o que mais me marcou na época, profissionalmente", conta Luis Santana, coordenador de TI e um dos funcionários da ROIT que inspiraram a campanha da empresa.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apesar de serem 55,8% da população brasileira, os negros, que combinam pretos e pardos, representavam uma parcela maior (64,2%) dos desempregados no país em 2018. E quando empregados formalmente, recebiam em média 14,8% a menos que os brancos em postos informais.
Logo, a campanha da ROIT tomou maiores proporções, como a questão de gênero, com a história de funcionárias como Caroline de Souza, Gerente de Consultoria Tributária. "Já vivenciei preconceito em outros trabalhos, principalmente com relação a diferença salarial para cargos em que eu desempenhava a mesma função de um homem. Ainda, às vezes era comparada de forma pejorativa quanto ao desempenho futuro. Tive que ouvir que mulheres têm filhos e por isso não terão o foco necessário no trabalho”, afirma.
Já na ROIT, cerca de 40% da liderança é formada por mulheres. "Muitas empresas apresentam resistência com relação a ter uma mulher liderando, mas na ROIT sempre me senti muito confortável e incentivada. Eles são muito inclusivos”, conta Caroline, que lidera uma equipe de oito pessoas na área de tecnologia para análises internas.
Uma pesquisa da Yoctoo, consultoria de recrutamento de profissionais de TI , revelou que 82,8% das mulheres candidatas ao setor já viveram, ou ainda vivenciaram, preconceito de gênero dentro do seu ambiente de trabalho.
"Estamos motivados a levar um pouco de consciência e ajudar na erradicação da discriminação por diferentes razões e que ainda, infelizmente, existem em nossa sociedade. Se cada um fizer a sua parte, principalmente as empresas institucionalmente as quais concentram muitas pessoas, conseguiremos um grande avanço nesta área", conclui Ribeiro.