Existe um estigma, que passa por questões históricas e culturais, no qual as mulheres não possuem alguns atributos essenciais para a área de TI, o que não faz nenhum sentido. Elas, assim como os homens, possuem qualidades e total capacidade para atuar com sucesso em qualquer setor da tecnologia, desde o desenvolvimento até a área de gestão.
Um levantamento do programa YouthSpark, apontou que apenas 18% dos brasileiros graduados em ciência da computação são mulheres e somente 25% delas são contratadas para trabalhar em áreas técnicas de TI. No início, a área era dominada por mulheres e a primeira pessoa programadora do mundo foi Ada Lovelace. No Brasil, na década de 70, as turmas de bacharelado em ciência da computação contavam com mais 50% de alunas, chegando até 70%, e hoje, infelizmente, esse número caiu drasticamente. O mais interessante é que, de acordo com os dados da Softex, a falta de profissionais na área pode ultrapassar os 408 mil postos de trabalho até 2022. Isso quer dizer que existem muitas oportunidades para todo e qualquer profissional, independente do gênero.
“Nós acreditamos que as mulheres têm muita capacidade técnica e intelectual: temos excelentes programadoras e gestoras trabalhando com a gente e se destacando. As garotas, além de terem as mesmas qualidades técnicas que qualquer homem, ainda acabam ajudando seus times através de vários soft skills, como boa comunicação, facilidade em lidar com pessoas, visão ampla e sistêmica para entender de fato o problema, criatividade, organização, planejamento, atenção aos detalhes e disciplina, características essas que são imprescindíveis para executar um excelente trabalho e liderar um time", afirma Viviane Tavares, formada em Ciência da Computação e gestora na SysMap Solutions, empresa brasileira que desenvolve soluções de software e oferece serviços especializados de TI.
O que se observa é que o sexismo segue presente no mercado de trabalho em todo o mundo e, em TI, isso fica ainda mais intenso. Mas, a carreira de tecnologia é brilhante e tem muito espaço para as mulheres. Bancos, supermercados, hospitais, instituições de ensino agora são empresas tech, qualquer tipo de negócio é impulsionado pela tecnologia. O mundo está cheio de problemas para resolver e quanto mais equipes diversas existirem para solucioná-los, melhor será o resultado para empresas, governos e a humanidade. Além disso, a pandemia quebrou a barreira do trabalho remoto e hoje a TI é o setor que tem a melhor taxa de adoção dessa modalidade, sendo um grande diferencial para atrair mulheres de qualquer região e oferecendo mais flexibilidade, em especial, para aquelas que precisam equilibrar o tempo entre casa, maternidade e trabalho.
Um fator que se torna um grande obstáculo para que as mulheres busquem ocupar seus espaços em tecnologia é que ainda existe certo desconhecimento das carreiras que elas podem seguir nesse ramo. Nesse sentido, a SysMap destaca 3 grandes áreas de conhecimento que possuem muita demanda atualmente:
Infraestrutura de TI: é primordial para que uma empresa esteja em pleno funcionamento. Isso engloba planejamento de hardware e software, suporte técnico, manutenção de redes e servidores, além de garantir a segurança dos dados, evitando invasões e ataques cibernéticos.
Desenvolvimento de Software: com a aceleração digital, essa área cresce exponencialmente e ganha, a cada dia, novas linguagens de programação e inúmeras possibilidades. Desde a criação de softwares, tanto a parte de back-end quanto front-end, integrações das mais simples às mais complexas, desenvolvimento web e apps mobile, até a automação de testes e RPA, passando, inclusive, por UX e UI, focando numa melhor experiência do usuário.
Dados: com o avanço da internet das coisas e o mundo cada vez mais conectado, a área tem hoje grande destaque na estratégia digital das organizações e engloba atividades como modelagem de bancos de dados, análise, tratamento e integração de dados, além da criação de algoritmos de inteligência artificial e modelos de machine learning.
Existem infinitas possibilidades para consolidar uma carreira em TI e, apesar da área técnica ainda ser um terreno muito masculinizado, vemos uma boa evolução na ocupação de cargos de liderança por mulheres. Segundo o Instituto Ethos, hoje, no Brasil, 51% da força de trabalho é feminina e, em cargos de liderança, o percentual é de 38%.
Sabemos que o problema é histórico e ainda estamos longe de resolver esse cenário; é preciso mudar a cultura e incluir áreas de conhecimento na grade escolar que impactam no futuro das próximas gerações. Mas, enquanto isso não acontece, começar a quebrar esse paradigma dentro de casa é essencial. Por isso, é importante que os pais incentivem as filhas a perseguirem o campo da ciência e tecnologia. Enquanto algumas garotas são interessadas pela área por conta própria, outras desenvolvem interesse depois de um pouco de apoio dos pais. Existem diversos cursos que podem ensinar a tecnologia para crianças e adolescentes, que trazem a opção de aprender de forma imersiva, divertida e focada no aprendizado de novas habilidades. Compartilhem também livros, podcasts e outros meios de entretenimento que fomentem a atuação da mulher na área.
“As empresas têm um grande papel quando falamos de aumentar a representatividade feminina na tecnologia e faz parte da nossa missão ajudar a eliminar o estigma de que a área é somente para homens que gostam de números. Na TI temos espaço para todos, homens e mulheres, e, assim como em outras áreas profissionais, só precisamos de pessoas comprometidas e interessadas em fazer a diferença, no mercado e no mundo”, finaliza Viviane.