Do dado para o valor

*Por Daniel Moraes

Em seu esforço de inovação, as organizações que buscam desenvolver soluções de Internet das Coisas (IoT) devem tomar analogue_digitalmedidas que evitem seguir o fluxo natural de olhar apenas para a tecnologia. No momento atual, o valor reside em desenvolver modelos de negócios inovadores, que gerem resultados para um público relevante, e, apenas após esse passo, definir a solução técnica que sustentará o modelo.

Mas como extrair o máximo de valor do modelo de negócio? Como se trata de Internet das Coisas, boa parte virá do que coletamos das diversas “coisas” existentes no campo e o que fazemos com isso. Partindo do item de menor geração de valor, cabem algumas definições preliminares:

 

Dado

É a coleta direta do status da “coisa” no campo. Sem emoção, apenas uma indicação direta do que ocorre dentro da sua aplicação de IoT. Um modelo de negócio em IoT no qual a entrega é basicamente o dado bruto tem pouco valor agregado para os clientes e diferencial competitivo quase inexistente.

Informação

Partindo da base de dados gerada, quando agregamos análise, temos como resultado uma informação.  O ponto-chave é a análise, que significa buscar os dados relevantes e tratá-los com capacidade analítica para sustentar as entregas iniciais do modelo proposto. Neste caso, o modelo de negócio entrega algo um pouco mais refinado (devido à capacidade analítica aplicada) e com diferencial competitivo inicial, porém ainda fraco. É o estágio em que se encontra atualmente a maioria das empresas (com projetos sérios) que estão desenvolvendo soluções em IoT.

Insight

Das várias informações, correlações podem ser desenvolvidas. Não é trivial desenvolver correlações, depende da aplicação de competências prévias e que, por consequência, dependem de amplo entendimento do modelo de negócios desenvolvido. É o patamar no qual a junção de competências da organização, com a entrega de correlações, permite para que o modelo de negócios em IoT crie insights únicos com importante valor agregado e um nível de potencial competitivo relevante.

Aprendizado

Deste ponto em diante, a quantidade de “coisas” no campo é importante. Quando falamos em IoT, um dos efeitos de maior geração de valor é o fato de ganhar escala e coletar dados para criar uma base de dados que possa sustentar o aprendizado. E o aprendizado se dá quando os insights começam a se repetir em locais diferentes da rede de “coisas” que sustentam o modelo de negócio, chegando ao ponto de que um claro padrão venha surgir.

Em todos os pontos anteriores, a ação estava em aprofundar o entendimento dos dados de cada “coisa” existente. Neste momento, a ação está em olhar entre as “coisas” para perceber padrões, para que, ao final do dia, representem algo de valor para os clientes finais. No nível de aprendizado, significa que o modelo de negócio já conta com uma base relevante de “coisas” no campo e, por consequência, clientes. Ao entregar um padrão no formato de uma regra ou rotina, o valor é considerado equivalente a uma inovação, complexa de ser copiada, sustentando um diferencial competitivo por ora único (ao longo prazo podendo ser alcançado por competidores).

Inteligência

Último estágio de valor concretiza-se quando o aprendizado é sistematizado. O aprendizado gerado vira conhecimento (não existe mais a necessidade de buscar os padrões), aplicado de forma automática nas ações existentes para sustentar as entregas do modelo de negócio. O nível de complexidade é alto, o valor gerado não é trivial e nem possível de copiar, muitas vezes difícil até mesmo explicar o motivo das ações.

É extremamente complexo chegar até este nível de geração de valor. Uma vez que seja alcançado, a diferenciação é percebida e o diferencial competitivo, único.

Uma discussão futura é sobre como tratar esses dados de forma ética e respeitando a propriedade de terceiros, ponto que em nenhum momento pode ser perdido do radar de qualquer modelo de negócios criado.

A essência desta reflexão é constatar que existe muito valor a ser coletado dos dados gerados a partir de uma solução de Internet das Coisas, valor que, bem explorado, pode ser a chave para um novo ciclo de diferencial competitivo único e sustentável para as organizações e empreendedores.

*Por Daniel Moraes, gerente de iniciativas estratégicas da Embraco

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