Uma das lições aprendidas pelas empresas durante a pandemia de covid-19 foi o crescente papel das tecnologias digitais na criação e captura de valor. E, de acordo com um estudo global do Boston Consulting Group (BCG), a terceirização dos serviços de Tecnologia da Informação, antes baseada na redução de custos ou acesso a habilidades necessárias, abriu espaço para que as empresas tivessem apoio na inovação por meio da criação de produtos e processos digitais, complementando o desenvolvimento interno.
O levantamento do BCG identificou quatro tipos diferentes de ecossistemas de inovação tipicamente usados pelas empresas para apoiar nas suas iniciativas:
Ecossistemas Multisserviços são formados apenas por prestadores de serviços multifuncionais;
Ecossistemas Especializados utilizam provedores de serviços especializados, cada um focado em um problema diferente ou em diferentes aspectos do mesmo problema;
Ecossistemas Mistos combinam provedores de serviços multisserviços e especializados;
Ecossistemas Internos não dependem de provedores de serviços de TI, preferindo usar profissionais internos em esforços de inovação.
O estudo revelou que a maior parte das empresas opta por ecossistemas mistos (32%) ou multisserviços (31%). Já os ecossistemas especializados são adotados por 24%, e apenas 14% decidem criar seus ecossistemas internamente.
“Notamos que as empresas líderes de mercado têm conseguido melhor resultado através da orquestração de ecossistemas de provedores de TI para apoiarem a inovação. Essa estratégia permite o acesso a profissionais especializados em diversas tecnologias, com maior flexibilidade e responsabilização por parte dos provedores envolvidos. Isso demonstra que esse modelo ajuda a acelerar o lançamento e aumentar a qualidade dos produtos digitais”, afirma Ana Vieira, Diretora Executiva do BCG Platinion.
Os ecossistemas que funcionam melhor
A maioria das empresas participantes da pesquisa apontou que usa os ecossistemas de inovação para criar produtos ou processos: soluções digitais, aplicativos baseados em nuvem ou cibersegurança. No entanto, elas afirmaram se beneficiar de maneiras distintas dos diferentes ecossistemas. A maior vantagem mencionada pelas empresas que adotam ecossistemas mistos, por exemplo, é a criação de processos de negócios de alto desempenho. Para empresas que adotam ecossistemas multisserviços ou especializados, o maior benefício é a criação de novos produtos, ainda que não necessariamente com processos de negócio de alto desempenho.
Isso nos leva a uma questão importante: quais tipos de ecossistemas funcionam melhor? De acordo com o BCG, 59% das empresas se mostraram extremamente satisfeitas com a capacidade de inovação de seus provedores de serviços criou ecossistemas mistos, ou seja, com provedores de multisserviços e especializados.
A seleção dos provedores que fazem parte do ecossistema de uma empresa é um fator crítico para a sua performance. Segundo o estudo, os principais critérios de escolha estão relacionados à capacidade de criar produtos por meio da implementação de soluções e plataformas, além da experiência comprovada em projetos de inovação e capacidade de trabalho em conjunto, inclusive com outros provedores.
Gerenciando ecossistemas
Lidar com ecossistemas de inovação de TI requer habilidades de gestão de relacionamentos, produtos, processos e capacidades que ainda não estão maduras em todas as empresas. O estudo do BCG identificou três características essenciais para obtenção dos melhores resultados por meio dos provedores de TI de um ecossistema:
maturidade acima da média na implementação de soluções digitais
sólida capacidade de gestão dos provedores de TI
habilidade de criar e manter relacionamentos com vários provedores de TI.
“Uma vez que esses ecossistemas trabalham diretamente com inovação, é importante repensar os acordos contratuais para que sejam transparentes e incluam incentivos que maximizem as entregas com qualidade e rapidez. É provável que os provedores de serviços aumentem suas margens, porém as inovações podem gerar eficiências que reduzam suas receitas”, avalia a executiva. “É necessário garantir que os ecossistemas de inovação criem valor ao mesmo tempo em que gerenciam os riscos e otimizem a distribuição de valor de maneira equitativa entre os provedores para que o ecossistema seja sustentável”, finaliza.