Por que somente agora as empresas estão sentindo os impactos da pandemia na TI?

Por que somente agora as empresas estão sentindo os impactos da pandemia na TI?

Por Otto Pohlmann, CEO da Centric Solution,

Quando a pandemia de covid-19 se espalhou pelo mundo entre fevereiro e março de 2020, as empresas tiveram de correr para se adaptar às mudanças provocadas pela doença. Muitos negócios suspenderam as atividades presenciais, o trabalho no escritório foi substituído às pressas pelo home office e diferentes soluções tecnológicas passaram a ser usadas para otimizar processos e manter a produtividade. No início, a ordem era simplesmente reagir às transformações sem prejudicar o dia a dia da organização. Mas, passado mais de um ano e meio nessa nova realidade, a ficha finalmente caiu para as equipes de TI, e os impactos do novo coronavírus finalmente aparecem nessa área.

É um período de intensa aceleração digital, com novos hábitos e recursos surgindo a todo instante. Isso acarreta mudanças significativas dentro do ambiente corporativo. Praticamente duas em cada três empresas brasileiras (66%) reformularam a infraestrutura de TI para atender a esse cenário, segundo estudo global realizado pela Equinix. Mais da metade (54%) ampliou seus investimentos em tecnologia a partir da pandemia para se alinhar às mudanças e 59% dos entrevistados aceleraram suas estratégias de transformação digital – índices superiores às médias globais de 42% e 47%, respectivamente.

Toda mudança na área de tecnologia, até a mais simples possível, traz desdobramentos para a área no futuro. Portanto, natural que o contexto de transformação adotado rapidamente pelas empresas iria abalar as relações entre o trabalho e as soluções tecnológicas. É difícil querer voltar ao que era antes quando novos hábitos e comportamentos passaram a ser adotados e, principalmente, assimilados. Ainda mais, quando se vê que a produtividade, em vez de cair como imaginado, até melhorou em certos casos. A maior presença dessas ferramentas não acabou com o emprego, afinal, e permitiu um avanço considerável na forma como trabalhamos.

Assim, o verdadeiro impacto da pandemia do novo coronavírus não foi a rápida mudança diante das recomendações de distanciamento social. Aquilo foi apenas reação a uma necessidade pontual. As verdadeiras transformações para as equipes de TI são percebidas apenas agora, quando a doença começa a dar sinais de controle com o avanço da vacinação. O motivo é simples: o tempo de maturação que toda e qualquer inovação precisa para evoluir e se consolidar em determinada área. Sim, a adoção foi rápida, mas no início era comum encontrar erros e pontos de correção no uso da tecnologia. Com o tempo, os profissionais se acostumam à novidade, e os desenvolvedores fazem as correções necessárias.

O avanço do novo coronavírus apenas reforçou que a tecnologia não deve ser encarada como algo fixo, em que a empresa adquire a solução e a utiliza de forma independente. Na verdade, trata-se de um processo, isto é, algo que cresce e evolui a partir de novos conhecimentos que surgem a todo instante e da própria forma como as pessoas se relacionam com ela. É um erro reduzir a análise de qualquer ferramenta de TI a partir de situações isoladas – principalmente de soluções ainda recentes. Leva tempo para atingir todos os objetivos, mesmo em um cenário em que as mudanças ocorrem diariamente, como as que vivenciamos atualmente.

Dessa forma, o recomendado é enxergar a área de TI como um projeto aberto, em que mudanças fazem parte de sua rotina. É por meio delas que os profissionais conseguem experimentar, testar e, claro, errar. A partir desses aprendizados, fica mais fácil desenhar e/ou buscar as melhores soluções que atendam à realidade de qualquer negócio. As transformações e decisões podem até ser rápidas, mas a assimilação delas demanda o tempo que for necessário para o completo desenvolvimento do negócio.

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