Por Antonio Loureiro
O mundo digital trouxe um grande número de inovações para a vida da sociedade como um todo. Há algumas décadas utilizávamos o termo ‘globalização’ para falar das mudanças e evoluções que a tecnologia proporcionava. Hoje, com um cenário totalmente novo, o termo ‘disrupção’ tomou conta do vocabulário dos entusiastas e especialistas em tecnologia, e foi exatamente o isso que a tecnologia digital trouxe às nossas vidas: a disrupção.
Um dos exemplos mais claros de disrupção é a Uber, que ao contrário do que se pode imaginar, não é uma companhia de transportes, mas sim uma empresa de tecnologia que viu a oportunidade de negócios e investiu nela. Se antes, ao solicitar um transporte, precisávamos ligar para uma central de atendimento e informar nosso endereço e destino e ainda esperar cerca de 10 a 20 minutos por um carro que sequer imaginávamos qual seria, hoje podemos abrir um aplicativo e com apenas alguns toques indicar o destino e já saber qual o valor médio da corrida, além de, ao confirmar, saber qual o carro/placa e motorista estão a caminho, e o melhor, com preço e atendimento mais competitivos. Aliás, foi exatamente esse um dos principais motivos para o sucesso do app: o atendimento personalizado e a experiência. Afinal, a ideia não é apenas fazer uma corrida, mas também avaliar e compartilhar a sua opinião sobre a viagem, e isso acontece quase que instantaneamente.
Para o mercado de trabalho, as tecnologias digitais têm trazido também grandes mudanças, além de novos modelos de negócios e modificação do perfil da força de trabalho. Segundo o estudo Tendências Globais de Capital Humano 2016: A Nova Organização, realizada pela Deloitte, 92% dos mais de sete mil respondentes disseram ter identificado a necessidade de reestruturar suas organizações para se adequarem às demandas globais. E dentro desse contexto, fica claro que tudo gira em torno do atingir às expectativas. Se falamos de varejo, por exemplo, para garantir o sucesso de uma marca, o consumidor deve ter uma experiência única; se abordamos a gestão de pessoas, para garantir um alto índice de retenção de talentos, o mote é a experiência do funcionário.
Os modelos aos quais estamos acostumados sofreram uma ruptura e precisam ser reconstruídos. Hoje, é possível estar cada vez mais perto do fornecedor de cada serviço que utilizamos, sem intermediários. Uma fintech, por exemplo, tem chances de ter mais sucesso do que um banco convencional. Porquê? Porque as requisições e necessidades do cliente são mais solucionadas por um aplicativo, ou seja, ficar dez minutos na linha da central de atendimento, nunca mais! Para a área de gestão de pessoas e RH, as plataformas digitais revolucionaram a experiência do funcionário, permitindo maior flexibilidade e alinhamento às estratégias do negócio. Nesse sentido, o alcance e o alinhamento das expectativas é ainda mais importante, uma vez que as tecnologias digitais permitem feedbacks quase que instantâneos, seja por parte do empregador seja por parte do funcionário.
Expectativa de entrega X Capacidade de operação
Um dos fatores apontados no estudo é o da evolução do RH, visto que essa área caminha na direção de um novo mandato, com dispositivos que facilitem às empresas e funcionários entenderem o que é esperado e que é efetivamente alcançado/entregue. Ou seja, melhorias nas organizações no que se refere a competências, alinhamento às necessidades do negócio e capacidade de inovar.
A possibilidade de apresentar feedbacks quase que em tempo real vai tornar a eficiência das empresas muito maior, além de alavancar a performance dos colaboradores, e criar uma identidade para cada funcionário. Para entender melhor, imagine que durante o desenvolvimento de certo projeto o gestor em questão aponte feedbacks diários, ou ainda simultâneos, relativos à cada ação. Esse tipo de atitude vai permitir o alinhamento das expectativas de entrega à real capacidade de operação.
O papel das tecnologias disruptivas é permitir que esses feedbacks sejam registrados e guardem o que, no futuro, será chamado de ‘karma digital’. Um tipo de arquivo que vai guardar a evolução e o desenvolvimento de cada profissional, possibilitando às empresas alocarem seus recursos em atividades que estejam de acordo com a sua capacidade de operação, mas que sejam, ao mesmo tempo, desafiadoras, alavancando assim a performance. O resultado disso? Um sistema que indique o objetivo – expectativa - de entrega da companhia alinhado à real capacidade de entrega de cada profissional.
A tecnologia ajuda a sociedade a se tornar mais transparente. Hoje, companhias são empoderadas e empoderam por meio da tecnologia; e se, com o Uber já sabemos desde a classificação do motorista, até o valor final da corrida, que tal saber se esse ou aquele colaborador, ou até se essa ou aquela empresa, vai atingir as nossas expectativas?
*Antonio Loureiro é sócio-fundador da Conquest One, consultoria brasileira de TI com atuação em Outsourcing e Hunting.