Como a IoT está mudando os hospitais e o mercado de saúde

Como a IoT está mudando os hospitais e o mercado de saúde

 

Em diversas indústrias, já se sabe que a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) veio para ficar. Da mineração à educação, o uso dos dispositivos e sensores inteligentes e conectados permite a coleta de informações preciosas que, filtradas, auxiliam a operação de maneiras impressionantes. Em um hospital não é diferente: é só imaginar o potencial de ter, na palma da mão, sinais vitais de pacientes da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), taxa de ocupação dos leitos, índice de produtividade dos funcionários, entre outros. As possibilidades da IoT na saúde não têm fim.

Um dos motivos pelos quais a IoT casa tão bem com a medicina é porque o relacionamento é de longa data: na década de 1950 a Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) já monitorava sinais vitais dos astronautas, mostrando que a tecnologia de transmissão de dados remotamente está longe de ser novidade no nosso setor.

E a parceria tem futuro saudável. Segundo a consultoria Grand View Research, o mercado global de saúde investiu US$ 58,9 bilhões em dispositivos, softwares e serviços de IoT em 2014 e o montante vai atingir US$ 410 bilhões em 2022. A demanda crescente por uma gestão de doenças em tempo real e mais inteligente e pela melhoria de serviços de cuidado são alguns dos fatores-chave que vão impulsionar esse salto, segundo o estudo.

Já a International Data Corporation (IDC) estima que, em 2019, mais de 40% das entidades de saúde usarão algum tipo de biossensor com capacidade IoT como forma de medir passivamente sinais dos pacientes. Além disso, a coleta em tempo real de dados como prontuário e geolocalização em dispositivos IoT deve economizar até 30% do tempo dos profissionais de saúde ao encontrar padrões que dão suporte aos processos de decisão, de acordo com a projeção.

Exemplos da aplicação atual e futura da IoT na saúde

Já existem casos empolgantes de IoT na saúde. A empresa Constant Health, baseada nos Estados Unidos, mantém uma plataforma com programas terapêuticos nos celulares que avaliam a função cerebral dos pacientes. Os dados obtidos são computados para desenvolver tratamentos personalizados e em constante revisão.

Também nos Estados Unidos, a Glooko criou um software que integra mais de 50 dispositivos médicos, de bombas de insulina a tablets, para monitorar o estado de pacientes diabéticos. A proposta vai além do cuidado e também é didática: eles recebem notificações personalizadas no celular sobre seu tratamento. O resultado inclui melhoria na adesão à medicação, à prática de exercícios físicos e a uma melhor nutrição, segundo a companhia.

A startup Spire, de San Francisco, nos Estados Unidos, desenvolveu uma tecnologia para garantir que médicos cirurgiões ou outros profissionais que trabalham no bloco cirúrgico controlem o seu nível de stress -- o que aumenta a segurança do paciente. O aplicativo traça o que causa estresse nesses profissionais e oferece um programa de meditação orientada.

Há grandes nomes envolvidos no desenvolvimento e na pesquisa de soluções, acelerando o mercado. A farmacêutica suíça Novartis anunciou em 2016 uma parceria com a empresa de tecnologia norte-americana Qualcomm. A ideia é desenvolver um inalador conectado à internet, capaz de coletar dados e disponibilizá-los na nuvem. Assim, pacientes e médicos teriam acesso irrestrito a informações em seus dispositivos móveis ou computadores. O lançamento está programado para 2019, segundo informou a agência de notícias Reuters.

O caso não é isolado: a gigante Microsoft tem parceria com a Aerocrine, que desenvolve soluções para o tratamento de alergia e asma. O projeto conjunto inclui uma nuvem inteligente capaz de analisar dados dos pacientes, colocando-os em contexto e informando melhor os médicos.

Já o Google trabalha com a farmacêutica francesa Sanofi para criar inteligência a partir de informações de pacientes diabéticos. A empresa de tecnologia também se juntou à Novartis para criar uma lente de contato capaz de monitorar o nível de glicose dos usuários.

IoT e o empoderamento do paciente

Diversas soluções dão ao paciente a possibilidade de ter uma ideia melhor sobre seu estado de saúde, educando-o sobre a importância de manter uma dieta saudável e se exercitar frequentemente, por exemplo.

Como exemplo cito os wearables, ou vestíveis, como Fitbit, um tipo de pulseira que monitora sinais como frequência cardíaca e qualidade do sono do usuário; e o universo de aplicativos de saúde disponíveis para smartphones e tablets, que inclui programas gratuitos e pagos.

A forma como um hospital lida com essas informações, colhidas fora do ambiente clínico, é um debate ainda incipiente, mas já é claro que os wearables têm o benefício de empoderar o paciente. Afinal, ao receber feedbacks contínuos sobre suas métricas de saúde, o usuário passa a ter mais consciência sobre sua condição física e fica mais preparado para cuidar de si mesmo. E, nesse cenário, ganham o paciente e o hospital.

 

[author] [author_image timthumb='on']https://docmanagement.com.br/wp-content/uploads/2017/03/Ubirajara-Maia-thumbnail.jpg[/author_image] [author_info]Ubirajara Maia

Diretor Corporativo de Sistemas da MV[/author_info] [/author]

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