Pensar o futuro dos bancos pode parecer uma ação especulativa. Porém, esse é um dos temas mais interessantes da Transformação Digital. Principalmente, porque a economia é um fator de grande influência no nosso modo de vida. O esforço do trabalho precisa garantir o equilíbrio econômico, e poucos se conformam com isso. O fato é que as novas tecnologias podem ajudar a fazer com que o sistema financeiro trabalhe mais a favor das pessoas. Essa é a grande disrupção que envolve o setor.
O cenário atual dos serviços financeiros
Em 1997, a Coca-Cola lançou um serviço que passou a permitir o envio de uma mensagem de texto para as máquinas de refrigerantes como forma de pagar pelo produto. Dez anos depois, surge no Quênia a M-Pesa, uma forma de recebimento via celular. Dois anos depois, nasceu o Bitcoin e, em 2011, a Starbucks começou a aceitar pagamentos por meio de dispositivos móveis. Em 2013, 80% dos gastos dos americanos não ocorriam mais em dinheiro e, no ano seguinte, nasceu o Apple Pay.
Em paralelo, o PayPal ganhou popularidade e passou a permitir o envio de dinheiro entre os usuários do serviço. Foi quando os bancos sentiram a necessidade de incorporar essas evoluções e passaram a oferecer novas possibilidades por meio dos aplicativos móveis. Nessa época, o Venmo foi um dos primeiros aplicativos móveis a ganhar escala ao lançar um serviço que permitia o envio de dinheiro entre praticamente qualquer conta bancária e cartões de crédito ou débito. Inúmeras empresas surgiram com o mesmo objetivo e, depois de uma ciranda de aquisições, as grandes empresas de mídia social enxergaram o mercado.
O Facebook, por exemplo, lançou sua alternativa de pagamento no Messenger em 2015 e anunciou uma parceria com o PayPal. O site de mídia social mais popular da China, o WeChat, oferece um serviço de pagamento usado por 600 milhões de pessoas. A Kik, com 300 milhões de usuários e sede em Waterloo, recebeu atenção no início deste ano quando revelou planos de lançar sua própriacriptomoedas para ser usada no aplicativo.
Como resultado de todo esse cenário, um relatório do Fórum Econômico Mundial postula que grandes empresas de tecnologia que oferecem funções bancárias são a maior ameaça às instituições financeiras.
A influência das fintechs
As fintechs não demonstraram a força disruptiva esperada. Nem mesmo as criptomoedas assumiram esse papel até agora. No lugar disso, as instituições financeiras tradicionais reagiram e passaram a usar o ambiente de transformação a seu favor. As novas iniciativas do setor criaram um verdadeiro supermercado de inovação.
As moedas digitais apresentam uma maior vocação para “chacoalhar” o mercado. Isso pode ocorrer no momento em que representarem uma carteira com um volume de transações atrativo para as gigantes instituições financeiras. Ainda assim, as fintechs têm exercido influência significativa. Sua estrutura enxuta, ágil e flexível tem permitido elaborar soluções mais efetivas para os problemas dos clientes. Desse modo, elas conquistam mercado com facilidade e servem de laboratório para os bancos.
A principal influência é que o modelo de inovação bancária estava baseado exclusivamente no investimento em P&D. Agora, os bancos assumiram um formato de inovação aberta que, resumidamente, caracteriza-se pela utilização de um plantel de empresas menores elaborando, desenvolvendo e validando modelos inovadores para que possam ser aproveitados.
O futuro do setor financeiro
Os grandes varejistas, como a Amazon, estão passando a oferecer serviços próprios de pagamento. Seguindo o modelo do PayPal, essas empresas oferecem a possibilidade de adicionar crédito a uma conta que pode ser usada para comprar produtos. No primeiro momento, o objetivo é atender aqueles consumidores que não possuem cartão de crédito, mas isso pode evoluir.
Com isso, no momento em que essas empresas passarem a se conveniar com lojistas e aceitarem o pagamento de contas, por exemplo, elas podem passar a prover grande parte dos serviços bancários que a maioria das pessoas usa. Ainda que, nesse caso, exista uma instituição financeira por trás da operação, as novas tecnologias como o pagamento por meio dos celulares e a IoT têm potencial para reduzir os bancos como que a um “penetra na festa”.
O desafio da desigualdade
Mas há ainda outra questão significativa a ser considerada: a segmentação geográfica dos serviços financeiros. Da mesma forma que, devido à complexidade de implantação, os grandes bancos ainda trabalham com sistemas legados que podem ser considerados obsoletos, a realidade dos países ricos é totalmente diferente da dos emergentes. O potencial de venda de serviços como seguros e financiamentos, as regras dos empréstimos, a segurança jurídica e vários outros detalhes tornam o mercado mundial bastante complexo e carente de soluções segmentadas.
Uma pesquisa da Deloitte revela, por exemplo, que nos países do G7, a preocupação é com conhecimento e conteúdo. Já no resto do mundo, a flexibilidade e a adaptabilidade são “as cerejas do bolo”. Em outras palavras, enquanto a informação é valorizada nos países mais ricos, a solução de problemas simples figura com maior importância na outra ponta.
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Fundador do TransformaçãoDigital.com, uma iniciativa que busca fomentar e educar o mercado, além de guiar o processo de transformação digital das empresas brasileiras.[/author_info] [/author]